A gastronomia pode ser uma viagem à parte. Conhecer o mundo por meio de comidas típicas, de costumes alimentares, de ingredientes característicos e de histórias de receitas que passam de geração em geração e se espalham pelo mundo. Além disso, muitos dos melhores encontros e muitas das melhores histórias e experiências acontecem ao redor de uma mesa de comida. Quer entender como isso tudo acontece? Então continua lendo o post pra saber o que são viagens gastronômicas e aprender a montar um roteiro delicioso!
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O que são viagens gastronômicas
Viagens gastronômicas são viagens que têm como foco principal a gastronomia do lugar que se está a visitar.
Não é somente escolher os melhores lugares para comer: fazer uma viagem gastronômica é, na verdade, entender a gastronomia local, conhecer os hábitos dos nativos, experimentar a culinária do dia a dia das pessoas e voltar pra casa não só com a barriga cheia, mas também com a memória lotada de lembranças, sabores e aromas inesquecíveis.
Para fazer viagens gastronômicas, não basta, por exemplo, saber qual é o restaurante em Lima que serve o melhor ceviche, mas entender por que o ceviche é um prato tão tradicional no Peru. Também não basta saber qual é a melhor pizza da Itália, e deixar de conhecer todas as outras formas e tipos de massas, molhos, carnes, queijos, embutidos e vinhos que fazem parte da gastronomia italiana.
Como organizar viagens gastronômicas
Para organizar viagens gastronômicas, é necessário pesquisar. Primeiro, você precisa pesquisar sobre o seu destino, escolhendo lugares que possam ter como foco a gastronomia. Por exemplo, em regra, os destinos de natureza não rendem viagens gastronômicas, ao contrário dos destinos de cidade ou campo, que quase sempre têm boas opções de gastronomia.
Depois, pesquise o máximo possível sobre a culinária do lugar que você pretende visitar. Comece pesquisando quais são as comidas típicas do país de destino, bem como quais as regiões a que cada uma delas pertence. Veja quais os pratos que você precisa experimentar para entender a culinária local – site Taste Atlas é ótimo pra isso.
Feito isso, pesquise onde encontrar tais pratos, dando preferência para lugares frequentados pela população local. Deixe de lado os restaurantes “preferidos dos turistas”, bem como aqueles ao lado de atrações turísticas. Não digo que não possa haver boas opções entre esses lugares, mas geralmente é melhor passar reto por eles.
Além disso, entenda os costumes e a história da gastronomia de cada lugar que você visita. Tenha certeza que isso vai enriquecer muito o seu turismo gastronômico.
Outras formas de escolher onde comer
Ainda sobre a escolha dos lugares para comer na suas viagens gastronômicas, outra boa opção é deixar essa escolha para o decorrer da viagem, conforme for conhecendo a cidade em que estiver. Dá pra encontrar bons lugares para comer percorrendo as cidades que visitamos. Geralmente, quanto mais desconhecido, quanto mais escondido, quanto menor a porta de entrada do lugar, mais surpreendente pode ser a comida.
Além disso, você pode pedir dicas para os nativos. Eu acho esse um dos melhores jeitos de não entrar em furada. A sua hospedagem na cidade, inclusive, quase sempre é uma ótima fonte de dicas preciosas. Experimente perguntar para os atendentes da sua hospedagem onde eles costumam comer ou onde levariam alguém que estivesse visitando a cidade pela primeira vez. Vai por mim.
Dúvidas comuns sobre viagens gastronômicas
Onde pesquisar sobre viagens gastronômicas?
Os blogs de viagem são certamente a melhor opção para pesquisar sobre viagens gastronômicas. São eles que têm as melhores dicas, pois geralmente os autores dos blogs fazem as sugestões de lugares e roteiros com base em experiências próprias. É o que faço aqui no Garfadas, inclusive.
Mas, além disso, eu tenho alguns blogs preferidos, aqueles que eu sempre consulto na hora de preparar as minhas viagens gastronômicas. Apesar de haver vários bons blogs com dicas para esse tipo de viagem, vou ser um pouco bairrista e indicar os blogs de três gaúchas, que criam um conteúdo maravilhoso sobre viagem e gastronomia: o Café Viagem, da Alexandra; o Sem Pressa de Voltar, da Aline; e o Meu Mapa Mundi, da Sophia. Nunca entrei em furada seguindo as dicas das três.
Outra boa opção para pesquisar os lugares onde comer é utilizar o TripAdvisor. E, se você acessar a plataforma pela extensão relativa ao país em que estiver (por exemplo, se estiver na Itália, acesse o tripadvisor.it e não o tripadvisor.com.br), vão aparecer primeiro as avaliações dos nativos, o que pode te ajudar a escolher um lugar mais genuíno, que não seja daqueles tomados por turistas. Mas tenha sempre em mente que escolher lugares para comer depende muito do gosto e das preferências de cada um – então, leve em conta as avaliações, mas não leve tudo ao pé da letra.
Quanto custa fazer uma viagem gastronômica?
O custo de uma viagem gastronômica vai depender das suas preferências. Vai depender, por exemplo, se você prefere comer sempre em restaurantes, com refeições completas, ou curte fazer fazer pequenos lanches. Ou então se prefere a comodidade do restaurante do hotel ou se gosta de fazer compras em algum mercado local e cozinhar sua próprio jantar. Não tem como fazer uma estimativa muito clara.
Mas curtir a gastronomia de um lugar não precisa custar os olhos da cara. Isso porque uma viagem gastronômica cabe em qualquer orçamento, pois não é necessário incluir restaurantes caríssimos no seu roteiro. Fazer viagens gastronômicas significa conhecer a gastronomia como parte da cultura de cada lugar que você visita. E isso, na verdade e na maioria das vezes, é o contrário do refino e da ostentação daqueles restaurantes com vários cifrões.
Como fazer então?
É tudo questão de eleger suas prioridades. Eu geralmente faço assim: depois de entender a gastronomia do meu destino, eu escolho os lugares para comer conforme as avaliações no TripAdvisor e a popularidade entre os nativos. Depois, vejo a estimativa de preço e dou preferência para aqueles com custo entre o barato e o mediano. Geralmente, escolho umas duas ou três opções para cada refeição da viagem. Aí, caso em algum momento a gente “pule” uma refeição, ou tenha a possibilidade de cozinhar na hospedagem, eu sempre fico opções na manga para definir onde comer.
Mas, mesmo assim, eu não descarto os restaurantes mais caros. Há vários lugares pelo mundo que valem o gasto a mais. O que eu faço é, depois de montar meu roteiro gastronômico, ver como ficou a previsão de custo da viagem e, de acordo com o nosso orçamento, incluir um restaurante mais sofisticado. Na maioria das vezes, eu consigo incluir uma extravagância no roteiro, abrindo mão de algum passeio ou atração menos relevante. Porém, às vezes, não dá, como ocorreu na nossa viagem ao Peru. Daquela vez, em razão dos custos já elevados da ida a Machu Picchu, tivemos que deixar de lado alguns dos melhores restaurantes do país. Como eu disse, prioridades.
Inclua os mercados públicos nas suas viagens gastronômicas
Uma ótima forma de conhecer a gastronomia local, muitas vezes sem gastar muito, é conhecendo os mercados públicos, principalmente aqueles que são mais frequentados pelos nativos que pelos turistas.
Os mercados públicos são prédios de propriedade do Estado, ocupados por diversos estabelecimentos comerciais, como vendas de carnes, queijos, embutidos, frutas e hortaliças; armazéns que vendem produtos típicos ou importados; lojas de artesanatos e restaurantes dos mais variados. São lugares democráticos, frequentados por todos os segmentos da sociedade, que utilizam o espaço para compras de produtos mais frescos (e, por vezes, mais baratos) que os dos supermercados, ou para aquele almoço rápido no intervalo do trabalho, ou ainda para um passeio gastronômico no final de semana.
Então, conhecer o mercado público de uma cidade acaba sendo um bom jeito de conhecer os hábitos dos nativos e experimentar a gastronomia local. E, muitas vezes, os mercados públicos vão muito além de um simples local de comércio, tornando-se lugares de confraternização e também de manifestações culturais, sediando feiras, exposições e apresentações artísticas (por exemplo, já vi apresentação de piano no meio do Mercado Público de Porto Alegre).
Onde fazer turismo gastronômico no mundo?
Há várias regiões no mundo para fazer turismo gastronômico. A Itália, por exemplo, é uma fonte inesgotável para viagens gastronômicas. Uma das minhas preferidas é na região do Chianti, na Toscana, pra experimentar não só aquela comida fantástica, como também percorrer as vinícolas que produzem um dos vinhos mais importantes do país.
Outro lugar que é um destino fantástico para uma viagem gastronômica é o Peru. Os pratos da cozinha peruana podem te proporcionar experiências memoráveis. Lima tem restaurantes maravilhosos e dá pra fazer um delicioso roteiro gastronômico pela cidade – algum dos lugares imperdíveis para comer em Lima estão neste post aqui.
Outros exemplos de viagens gastronômicas pelo mundo, que eu ainda não experimentei, mas estão na minha lista para quando essa loucura de pandemia passar: experimentar queijos e vinhos na França, comer muito pastel de Belém e bacalhau em Portugal, pipocar de bar em bar e experimentar todas as tapas possíveis na Espanha, aproveitar as parrillas e vinícolas na Argentina. Bom, vou parar por aqui, pois a minha lista é grande.
Onde fazer turismo gastronômico no Brasil?
No Brasil também é possível fazer diversas viagens gastronômicas. As minhas preferidas, que eu faço até com certa frequência, são as viagens pela Serra Gaúcha, principalmente entre as cidades de Garibaldi e Bento Gonçalves. Ali você pode conhecer a gastronomia dos imigrantes italianos, conhecendo as histórias deles e experimentando receitas que as famílias reproduzem há várias gerações.
Mas também aqui no Brasil ainda há outros exemplos de turismo gastronômico: as vinícolas da Serra Catarinense, as comidas típicas de Minas Gerais, toda a gastronomia do Norte do país, e muitas outras opções.
Dicas para ótimas viagens gastronômicas
A região do Chianti, na Toscana, na Itália
O Chianti é uma região que, além de famosos vinhos, tem várias cidadezinhas muito lindas ótimos lugares para comer. A região fica dividida entre as províncias de Florença (Chianti fiorentino) e Siena (Chianti Senese). O Chianti é facilmente acessado a partir de qualquer uma das duas cidades, podendo ser percorrido pela Via Chiantigiana, que corta a região, além das estradinhas secundárias.
Dentre as cidades da região, escolha visitar Greve, a casa da Antica Macelleria Falorni, que, além de vender todos os tipos de queijos e embutidos típicos da Toscana, tem também um bistrô, que serve receitas tradicionais feitas com os produtos da casa. Depois de Greve, pare em Panzano, para conhecer o açougue do famoso macellaio Dario Cecchini e depois almoçar no seu restaurante mais conhecido, a Officina della Bistecca. Pra mim, um dos melhores lugares pra comer na Toscana inteira, quiçá na Itália inteira.
Na sua viagem gastronômica, aproveite também para visitar duas das mais antigas vinícolas da Itália. A Ricasoli, que produz vinhos desde 1141, é a mais antiga do país. A vinícola oferece um tour guiado pelo Castello di Brolio, de propriedade da família Ricasoli, em conjunto com uma degustação de dois rótulos de Chianti Clássico DOCG e mais um de Chianti IGT (logo, logo sai um post só pra explicar essas certificações dos vinhos e falar mais dos vinhos italianos). E a outra vinícola, Castello di Volpaia, que fica na localidade de mesmo nome, tombada pelo patrimônio histórico italiano, e que produz vinhos desde 1172.
A Serra Gaúcha
Eu AMO a Serra Gaúcha e tenho na região entre as cidades de Bento Gonçalves e Garibaldi um dos meus lugares preferidos para fazer viagens gastronômicas. Eu sei que a maioria dos turistas que visitam a Serra do RS escolhem Gramado e Canela como destino. Mas, muito embora ambas sejam cidades lindas e tenham ótimas opções de lugares para comer, não são as melhores opções para fazer uma viagem gastronômica propriamente dita.
Entre Bento Gonçalves e Garibaldi você vai mergulhar na gastronomia e história da imigração italiana. E isso inclui não só a comida, mas também os vinhos maravilhosos que a região produz. O lugar mais conhecido para fazer turismo gastronômico por lá é o Vale dos Vinhedos, onde você vai poder comer e beber muito bem. Mas a Serra Gaúcha tem outras preciosidades, como a Estrada do Sabor, no interior de Garibaldi (não perca a Osteria della Colombina e o Valle Rustico), e o Hotel Casacurta, também em Garibaldi, que é um daqueles lugares que, uma vez que você se hospeda, vai querer se hospedar lá sempre.
Mas as cidadezinhas ao redor também são recheadas de opções gastronômicas. Por exemplo, na Linha Amadeu, em Pinto Bandeira, não deixe de visitar a Cave Geisse, que, pra mim, tem uma das melhores espumantes que existem, e a Vinícola Don Giovanni, que tem uma pousada deliciosa.
Lima, no Peru
Uma das melhores viagens gastronômicas da vida. Eu sou apaixonada por comida peruana, então aproveitei os dias em Lima pra experimentar todos os ceviches que pude, e ainda provar outros pratos não tão conhecidos, como o tacu-tacu. As opções de lugares para provar a gastronomia peruana são inúmeras e não couberam todas nos poucos dias que ficamos na cidade. Mas já foi o suficiente pra ser uma experiência memorável. E até fiz uma listinha do que experimentamos por lá e que vale a pena você experimentar também.
A região de Carmelo, no Uruguai
Outra das melhores viagens gastronômicas da vida. Pra esquecer Punta del Este (olha a polêmica…).
A região de Carmelo, no Uruguai, reúne várias bodegas (vinícolas), que produzem ótimos vinhos. Além disso, algumas delas ainda oferecem deliciosas experiências de turismo gastronômico: a Posada Campotinto e a Bodega Narbona são imperdíveis.
Uma última coisa que você precisa saber sobre viagens gastronômicas
Experimente. Tenha a mente aberta. Não precisa se forçar a comer coisas exóticas demais ou que você realmente não goste. Mas se esforce para sair do lugar-comum, para experimentar coisas novas, para vivenciar os aromas e os sabores de uma nova culinária. Entenda e respeite os costumes locais, e, se for possível, até adote algum deles, como fazer a scarpetta na Itália, limpando o finalzinho do molho no prato com o pão.
Por outro lado, sempre tenha um pouco de cuidado na hora de escolher onde comer. Apesar de amar comidas de rua, por exemplo, eu sempre tomo o cuidado de escolher lugares que tenham um mínimo de higiene. Ninguém quer uma intoxicação alimentar no meio de uma viagem. E agora, com o coronavírus a solta, além da higiene normal do local, você também vai precisar observar se os estabelecimentos de alimentação estão observando os protocolos sanitários, como o distanciamento entre as mesas, a limitação do número de pessoas, a exigência de máscaras e a higienização adequada.
Portanto, faça suas viagens gastronômicas com responsabilidade e segurança. 😉
Leia também:
- Como fazer um delicioso roteiro pelo Vale dos Vinhedos, em 1, 2 ou 3 dias
- 6 condições indispensáveis para voltar a viajar com segurança
- Onde comer o tradicional ceviche peruano
- Cidades da Toscana que devem estar no seu roteiro
- Onde comer na Serra Gaúcha
Amei!
Que bom, Laisi! 🥰