Este post é dedicado especialmente para aqueles que, como eu, apreciam a clássica comida italiana. Se seguir rolando a página, você vai descobrir onde comer em Bolonha para poder experimentar aquele que é considerado por muitos o melhor tagliatele al ragù da cidade.
Leia também: Nossas garfadas na Toscana.
Mas por que incluir Bolonha no roteiro?
Bom, primeiro porque eu tenho uma dificuldade enorme em deixar de lado cidades na Itália. E isso é porque simplesmente eu tenho vontade de conhecer TODAS as cidades italianas. É praticamente um objetivo de vida. Se você ainda não sabe o porquê da minha paixão pela Itália, dá uma olhada no post de apresentação do blog.
E, segundo, porque a logística da viagem favoreceu a passagem pela cidade. É que, quando programamos a nossa lua-de-mel, em 2015, a Toscana era o destino principal. A ideia era visitar Florença, Siena e todas as cidadezinhas ao redor delas.
Mas, já que íamos pegar uns três voos e atravessar o Atlântico, resolvemos alargar um pouquinho mais o roteiro. Assim, incluímos Verona. Só que, no meio do caminho entre Verona e Florença, havia Bolonha. Havia Bolonha no meio do caminho. E se ela estava no meio do caminho, por que não uma paradinha?
Então, lá fomos nós conhecer a capital da Emilia-Romagna, cidade universitária e berço de uma das coisas mais deliciosas da cozinha italiana: o tagliatele al ragù.
Mas, antes de saber onde comer em Bolonha para experimentar o famoso prato, deixa eu contar um pouco da história da cidade. E também aproveitar pra te dar duas dicas do que fazer em Bolonha.
La Dotta, La Rossa, La Grassa… Por que vários nomes?
La Dotta
Bolonha é chamada La Dotta (“A Erudita”) porque é, historicamente, uma cidade universitária. A cidade tem a universidade mais antiga do Ocidente, fundada em 1088. E, na onda universitária, aqui vai a minha primeira dica do que fazer em Bolonha: visitar o Palazzo dell’Archiginnasio, construído entre 1562 e 1563, um dos lugares mais bonitos em que estivemos.
O lugar serviu para concentrar os locais de ensino universitário que estavam espalhados pela cidade. E, certamente, uma das instalações mais curiosas do Palazzo é o Teatro Anatomico. É uma bela sala, toda em madeira, onde eram ministradas aulas práticas de anatomia, com o uso de cadáveres.
A configuração da sala lembra mesmo um teatro. A mesa de mármore no centro, onde o cadáver era dissecado, rodeada por uma espécie de arquibancada, para os alunos.
A sala foi seriamente danificada durante a Segunda Guerra, em um ataque aliado que atingiu o Archiginnasio em janeiro de 1944. E foi quase toda reconstruída, usando algumas partes originais que se salvaram.
O Palazzo encerrou suas atividades universitárias em 1830, e, em 1838, passou a ser sede da biblioteca municipal.
La Rossa
Bolonha também tem outro apelido: La Rossa (“A Vermelha”). Isso porque tem todo um conjunto de edificações em tom avermelhado no centro histórico.
Dentre elas está a Basilica di San Petronio, a maior e mais importante igreja de Bolonha, e a minha segunda dica do que fazer em Bolonha.
Dedicada ao padroeiro da cidade, começou a ser construída em 1390, para ser maior que a Basilica di San Pietro, no Vaticano. Um objetivo ambicioso, sem dúvida. Mas, quando os planos chegaram aos ouvidos de Roma, o papa da época cortou os fundos para a obra, barrando a construção. Até hoje, a fachada permanece metade em tijolos à vista, metade em mármore.
La Grassa
Por fim, Bolonha é chamada La Grassa (“A Gorda”), porque tem uma forte tradição culinária. Várias das delícias da cozinha italiana saem daqui, inclusive o legítimo tagliatele al ragù.
Mas, se você pensou naquela nossa conhecida massa à bolonhesa, esqueça. Tem muito pouco a ver.
Explicando bem superficialmente, enquanto por aqui o molho é feito, basicamente, com carne moída cozida no molho de tomate, no ragù alla bolognese, a carne moída é cozida não só com extrato de tomate ou tomates pelados, mas também com um pouco de vinho, leite, pancetta, cenoura e cebola, dentre outros ingredientes. Se você quiser se arriscar nas panelas, é só seguir a receita aqui.
E mais: enquanto aqui gente joga o nosso molho sobre qualquer espaguete ou talharim seco, em Bolonha, o ragù é servido sobre uma massa fresca, o tagliatele (parecido com o nosso talharim, às vezes só um pouco mais largo), que geralmente é produzida no próprio restaurante.
Em Bolonha, a receita do ragù clássico é coisa séria. Tanto, que foi registrada, em 1982, na Camera di Commercio Industria Artigianato e Agricoltura di Bologna, por integrantes da Accademia Italiana della Cucina. Assim, somente pode ser chamado de ragù o molho que segue exatamente a receita registrada. Mas os sabores podem variar, de lugar para lugar.
E, falando em comida, finalmente, chega a dica de onde comer em Bolonha: a Osteria dell’Orsa.
Nessa espécie de “variedade controlada” do ragù alla bolognese, a Osteria dell’Orsa é considerada por muitos o Pavarotti do tagliatele al ragù. Em todos os guias de viagem, blogs, revistas, que consultei para saber onde comer em Bolonha, todos indicavam a Osteria como um dos melhores – se não, o melhor – lugar para experimentar o legítimo ragù alla bolognese.
O lugar é simples, mas muito simpático. Tem um ar meio universitário, com mesas grandes e coletivas, e nenhuma frescura. Nada de guardanapos de pano ou taças de cristal.
Dessa vez, deixamos de lado os antepastos e fomos direto para o objetivo principal: due tagliateli al ragù, per favore! Para acompanhar, uma taça do vinho da casa, além do sempre presente pãozinho.
A Osteria dell’Orsa e o clássico ragù ficam no bairro universitário, a poucos passos da Piazza Maggiore, principal ponto do centro histórico de Bolonha.
Leia também: Aula de culinária para aprender a fazer o ragù toscano.
Uma observação importante: pão e vinho, tem que ter.
Gente, não importa o lugar onde comer em Bolonha ou em qualquer outro lugar da Itália. Mesa de italiano sempre tem pão. Por isso, me impressiona a quantidade de restaurantes “italianos” por aqui no Brasil que ignoram solenemente o pãozinho. Ou onde o garçom fica meio intrigado quando alguém pede uma cestinha de pães pra acompanhar a comida.
E, além do pão obrigatório, se tem uma coisa que eu AMO na Itália é o fato de que não há nenhuma cerimônia pra se beber vinho. Praticamente todo lugar vende a bebida em taça, seja o vinho da casa, sejam vinhos escolhidos como os do dia. Também não precisa de um banquete pra acompanhar o vinho. Um simples almoço em um dia de semana já certamente pede uma tacinha.
A propósito, aqui tem mais uma coisa pra amar na Itália. Em quase todo lugar, o horário comercial é estipulado de forma que, após o horário do almoço (que é, em regra, a principal refeição do italiano), haja tempo para fazer a sesta. Os estabelecimentos geralmente fecham antes do meio-dia e só reabrem depois das três da tarde.
Bom, e já que falei em pão, lembrem-se de fazer la scarpetta ao terminar a massa. Esqueçam as regras de etiqueta. Não tenham qualquer vergonha de adotar o costume do italiano de pegar o pãozinho e “limpar” o prato. Porque, no caso do tagliatele al ragù, deve ser até pecado desperdiçar um graminha que seja desse patrimônio da culinária italiana.
E você, tem alguma dica de onde comer em Bolonha? Conta nos comentários!
Mas não vá embora ainda! Leia também:
- Dicas de onde comer na Toscana
- Como aprender a cozinhar como um italiano
- Relatos atemporais sobre a vida em Roma, pelo escritor Luis Fernando Verissimo
E se liga!
Pra quem estiver viajando de carro pela Itália e quiser incluir Bolonha no roteiro, uma dica boa é se hospedar fora do centro histórico da cidade.
No centro histórico, os hotéis muitas vezes não têm estacionamento ou, quando têm, geralmente cobram uma taxa diária que acaba encarecendo a hospedagem. Fora dele, você consegue encontrar diárias até mais baratas e que ainda incluem o estacionamento.
Quando estivemos em Bolonha, nós nos hospedamos no Savhotel, um hotel mais executivo, mas com bons quartos, um café-da-manhã farto e com o estacionamento incluído na diária. Além disso, o hotel conta com pontos de ônibus muito próximos, com linhas que te levam para o centro histórico rapidinho e funcionam durante a noite. Se quiser reservar um quarto no Savhotel, pode fazê-lo por este link. Além de fazer a reserva em um bom hotel, você também ajuda o blog, sem qualquer custo adicional (leia mais sobre isso neste post).
E, se precisar de um guia para organizar a viagem, eu recomendo sempre os da Lonely Planet. Não há um guia específico para Bolonha, mas o guia sobre a Itália tem um capítulo bem completinho sobre a região. E você pode adquiri-lo clicando neste link aqui (e aqui também você colabora com a manutenção do blog).